Mosteiro de Seiça


Situado na freguesia de Marinha das Ondas, a fundação deste mosteiro data do séc. XII, altura em que entrou para a Ordem de Cister, quando D. Sancho I o doou ao mosteiro de Alcobaça.Dessa época pouco ou nada se sabe, até à construção levada a cabo pelo arquitecto Mateus Rodrigues, durante finais do séc. XVI, início do séc. XVII.Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o edifício foi vendido a particulares que o aproveitaram para instalar uma unidade industrial de descasque de arroz.




Todas as alfaias de culto, imaginária, mobiliário, retábulos e restante recheio foram então levados, tendo grande parte desaparecido, salvando-se a que foi aproveitada para outras igrejas dos arredores.Das ruínas que hoje encontramos, não deixamos de ser surpreendidos pela imponente fachada da igreja.

Fotos: Nelson Afonso

De traçado austero, bem ao tipo das construções da época dos grandes estaleiros do reino, impõe-se pela sua projecção no isolamento do local. A fachada é constituída por um corpo central sem frontão, dividido em três registos verticais, com nicho, encimados pelo arco semicircular do janelão. A entrada é feita por um átrio de três arcadas que dá acesso à porta da igreja, com decoração setecentista. É ladeada por duas torres que ultrapassam a altura da fachada com os seus remates bulbosos, cortados por óculos e decorados com fogaréus, elementos que testemunham as reformas efectuadas no século XVIII. O interior, bastante alterado com a posterior utilização do edifício, obedeceria ao traçado das igrejas beneditinas, com nave única para a qual se abriam as capelas laterais. Todo este espaço se encontra actualmente em degradação, revelando mais do teor industrial que albergou, do que do espaço religioso para que foi construído. O coro-alto, cúpula, capela-mor e transepto há muito que ruíram.Do claustro, ligado lateralmente à igreja, apenas se conservam duas alas, com arcos redondos sobre pilares quadrados no piso térreo e, na galeria superior, com colunas dóricas a suportarem o entablamento.O corpo do mosteiro mantém algumas das dependências dos religiosos, com as celas e provavelmente a sala do refeitório, livraria e outras, que entretanto foram sendo utilizadas e alteradas para outros fins, retirando-lhes o traçado original. A fachada é constituída por um corpo comprido, separado verticalmente por pilastras, abrindo-se em cada registo uma janela rectangular de avental.Do lado oposto ao do corpo do mosteiro, ergue-se imponente a chaminé de tijolo burro que serviu à fábrica de descasque de arroz, e que marca pois o contraste de duas realidades e vivências distintas: a religiosa e a industrial. A originalidade deste monumento reside, efectivamente no contraste dos opostos, construindo uma realidade cunhada por mundos e épocas diferentes entre si.

Foto: Nelson Afonso



Foi D. Afonso Henriques quem mandou construir o Mosteiro em louvor à Virgem Maria devido a um milagre recebido junto da capelinha de Nossa Senhora de Seiça. Os primeiros monges do convento foram os de Lorvão, que naquele tempo pertenciam á ordem de São Bento cujo superior foi o Abade D. Paio Egas nomeado para este cargo no ano 1175 D. Afonso Henriques faleceu (1185) sem que a sua obra fosse concluída, mas o seu filho D. Sancho I deu-lhe continuidade, entregando o convento á ordem de S. Bernardo por esta ser considerada um "raro exemplo de virtude e Santidade". Em Setembro de 1348, a peste negra fez com que o Mosteiro de Seiça sofresse muitas perdas entre religiosos e caseiros. Esta epidemia dizimou 150 religiosos em 2 meses. Em 1513 D. Manuel ordena a reparação do Mosteiro por este se mostrar bastante degradado. Assim, a igreja foi ampliada e tornou-se num dos melhores templos das redondezas. Devido aos elevados da igreja, uma feira anual franca foi autorizada, por útil para as obras em curso. Em finais do século XVIII, Frei Manuel de Figueiredo afirmou que o edifício do Mosteiro era regular e bom, "Com uma boa igreja e suficientes oficinas; e vinte e cinco celas, para acomodação dos religiosos, alem da casa dos hospedes". O Mosteiro após varias deligências efectuadas não está classificado pelos serviços do Estado, encontrando-se em 2007 num estado deplorável de degradação, como mostram os registos.

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